terça-feira, 1 de setembro de 2009

Era uma vez...



É preciso conhecer o melhor do computador porque só ter equipamentos na escola não basta, a tecnologia deve ser utilizada para apresentar e aprofundar conteúdos curriculares tendo como tarefa principal estabelecer objetivos pedagógicos para que as atividades tenham foco e fazer do laboratório uma extensão da sala de aula.
Para refletir um pouco sobre a questão da Educação e Tecnologia li um texto na Revista Nova Escola de Outubro de 2008 que gostaria de partilhar com todos:

Era uma vez – Especial Dia do Professor
Brasília, 15 de outubro de 2268.

Excelentíssimo Senhor Presidente da República do Brasil,

Erradicamos a pobreza e muitas doenças. A distribuição de renda prima pela equidade, o que permitiu o decréscimo da violência. Revertemos o efeito estufa e o aquecimento global não mais ameaça a existência dos seres vivos. Nossas indústrias são ecotecnológicas. A expectativa de vida é alta e a taxa de mortalidade quase inexistente.
Condições de trabalho satisfatórias e a medicina preventiva têm feito as pessoas adiarem a aposentadoria, desafogando o sistema de previdência. Um judiciário eficiente acabou com a corrupção.
Contudo, a Educação de nossas crianças e jovens preocupa. Desde a implantação do sistema educacional robótico, mediado por computadores, percebemos que os estudantes estão perdendo a capacidade de compreensão do todo, tornando-se incapazes de pensar por si mesmos.
Todo Sistema é previsível: para um problema de Química, apertar o botão Q36; para um fato histórico, aperta-se o H43; para Redação, o código 53, que, seguido do gênero, traz um texto pronto. Matemática já não é mais um problema, como foi para os nossos antepassados: o programa Hackermats num só clique resolve qualquer desafio. Viajar? Bastam simuladores.
Acredito que, se acontecer dos nossos supergeradores entrarem em pane, nossa sociedade será destruída, pois quem conseguiria sobreviver sem os botões da vida ultramoderna?
Soube de uma antiga classe chamada professores, especialistas em fazer pessoas pensarem de forma autônoma, um grupo dos ofícios já extintos, desenvolvidos pelos grandes mestres, que envolvia processos complexos, de dimensões técnicas, éticas e estéticas, entre outras. Tiveram grandes conflitos: às vezes eram considerados sacerdotes e salvadores e em outras, grandes vilões. Trabalhavam em condições precárias e exigia-se deles o uso dos recursos mais modernos. Eram exaltados e ao mesmo tempo enxovalhados. Quando lhes tiraram a autonomia intelectual, não resistiram e pereceram.
Peço, Vossa Excelência, que resgatemos esses profissionais para não morrermos num mar perigoso disfarçado de calmaria. Compreendemos agora, as duras penas, que uma sociedade se faz com uma juventude crítica e quem pode construí-la é um profissional insubstituível chamado professor.

Atenciosamente,

Sócrates de Paulo Freire
Ministro da Educação

Nenhum comentário: